Fala pessoal de montanha! Como todo mundo sabe é justamente no rapel onde costumamos ver muitos acidentes, por ser uma manobra de saída ou abandono da montanha, ela é feita em um momento onde os escaladores estão cansados e isso ajuda na desconcentração e assim propicia um fértil terreno para alguma falha humana que inevitavelmente conduz ao acidente. Quando a cordada sobe com duas cordas é possível, e bem prático, unir estas cordas e assim rapelar em simultâneo por lances maiores do que aqueles que seriam feitos com uma única corda. Entretanto unir as cordas para iniciar um rapel em simultâneo requer atenção e sincronia entre os escaladores, por mais que a técnica seja simples ela é passível de erros, que podem ser fatais. Alguns conhecem o rapel simultâneo como “rapel duplo” ou “rapel em A”…
O montanhista Davi Marski (http://www.marski.org) escreveu e publicou em seu site o artigo que transcrevi abaixo. Trata-se de uma aula sobre rapel simultâneo. Pra quem não conhece o Marski sugiro uma visita ao site dele e a leitura do livro “Escalada e Trekking em Alta Montanha“, escrito por ele em 2010.
Vou deixar vocês com o texto original do Marski. Vale a pena olhar o link que eu vou deixar no final do texto, ele aponta para o texto original e lá é possível ver uma série de fotos que ilustram os detalhes com mais precisão ainda! Curtam o texto do Davi:
Essa é uma técnica que deve ser reservada para os escaladores que já possuam alguns anos de experiência, principalmente em virtude dos diversos riscos envolvidos – por outro lado, o rapel em simultâneo simplesmente maximiza tremendamente o tempo gasto no rapel (e note bem: ao mesmo tempo que simplesmente duplica os riscos inerentes!).
A essência do rapel em simultâneo nada mais é do que os dois escaladores descerem cada um por uma corda, quando esta é passado em “duplo” (ou “meiada”) pelo ponto de ancoragem.
As etapas necessárias:
1) Realize a união das cordas (recomendo o nó simples com uma folga de pelo menos 50cm) e dê um nó na ponta da corda (cuidado em situações de fendas ou risco agravado da corda enroscar-se !!)
2) Faça um backup para o sistema de frenagem no rapel (recomendo o nó de Marchand, e que o nó seja posicionado ABAIXO do freio utilizado)
3) Posicione a corda em seu freio e verifique se está tudo pronto para o rapel, tanto do “seu lado” quando no sistema montado pelo seu parceiro, tenham certeza que o sistema de backup no rapel está funcionando.
4) Posicionem-se de forma que o peso fique todo sustentado pelo seu sistema de rapel, e não através do eventual auto-seguro. Isso deve ser feito pelos dois escaladores.
5) Desclipem-se da ancoragem e iniciem o rapel até a próxima parada (ou até o solo).Importante: realizem o rapel próximos um do outro, sem assumirem qualquer distância significativa. Quase todos os acidentes que envolvem o rapel em simultâneo acontecem quando um escalador chega na próxima parada ou no chão *antes* do outro e simplesmente se desconecta do sistema de rapel, fazendo com que o seu parceiro perca o “contra-peso” realizado e sofra um acidente.
Nó de backup para o rapel, na foto acima usamos o nó de Marchand (ou prussik Francês)
Os escaladores realizando o rapel em simultâneo, lado a lado, de forma segura e rápida !
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