domingo, 5 de outubro de 2014

BOTAS LEVES DE TREKKING


Boa parte do meu trabalho acontece em campo, pesquisando, descobrindo e mapeando roteiros para serem publicados nos livros da coleção Guia de Trilhas. Além disso, treino regularmente em trilhas. Meu hobby é fazer trilha, seja de mountain bike ou em trekking. Ou seja, estou constantemente em atividade de contato com a natureza, sempre com equipamento apropriado.
Muita gente me pergunta que equipo eu uso. Curiosidade natural. Em atividades de aventura bom equipamento é sinônimo de segurança, conforto e qualidade de vida. Mostro aqui itens que usei, testei, aprovei e recomendo em campo…
Categoria: Bota leve para trekking
Marca: Timberland
Modelo: Candion Mid GTX XCR (masculina e feminina)
Peso: aproximadamente 1 kg no par em tamanho 43 masculino

Definições: No Manual de Trekking & Aventura, livro-referência que escrevi sobre conceitos, técnicas e equipamento para esportes de aventura, botas de trekking estão classificadas em três grupos: botas leves, botas médias e botas pesadas de trekking. Essa classificação é muito eficiente para entender as características, vantagens e desvantagens de cada grupo, conforme o uso.
Link para resenha do livro no blog: http://clubedaaventurakalapalo.blogspot.com/2010/04/resenha-livro-manual-de-trekking.html
A Cadion Mid GTX XCRse encaixa perfeitamente na classificação de “bota leve de trekking”, a começar por seu peso pena. Mas sua principal característica é ser parecida com um tênis de corrida “de cano médio”. Isso é o que define uma bota leve de trekking. Esse modelo é leve, muito confortável, nada robusto, flexível, não precisa ser amaciado antes de enfrentar a trilha, impermeável, respirável e atlético.
Histórico: Usei essas botas por dois anos ininterruptos e fiz com ela todos os roteiros de Guia de Trilhas Trekking Vol. 2 (http://clubedaaventurakalapalo.blogspot.com/2010/03/resenha-livro-guia-de-trilhas-trekking.html) e todo o mapeamento das trilhas para o Guia de Trilhas Carretera Austral (lançamento previsto para setembro de 2010). Isso quer dizer que caminhei na Patagônia, na Terra do Fogo, na Ilhabela, fiz Marins-Itaguaré, Pico Paraná e Marumbi com esse calçado.
Sua flexibilidade e leveza, associados ao incomparável solado italiano Vibram e o cabedal de Gore Tex que além de impermeável também respira, tornam as botas incrivelmente versáteis. Na travessia Marins-Itaguré, no Pico Paraná e no Marumbi tive que escalar, escalaminhar e caminhar por todo tipo de rocha. O solado agarra como aranha na rocha! Em El Chaltén e em Dentes de Navarino atravessei charcos, campos nevados, vegetação úmida e ladeiras de cascalho moído. Obstáculos variados que exigiram do calçado muita versatilidade.
Principais pontos positivos: Por ser leve, economizamos energia a cada passo e podemos caminhar mais rápido e por mais tempo. Por ser impermeável, por conta do cabedal de Gore Tex, os pés permanecem secos e confortáveis mesmo em terreno encharcado (é claro que para tudo existe um limite). Por ser respirável, novamente devido ao Gore Tex, os pés permanecem secos também do suor, em climas quentes. O solado Vibram e a flexibilidade das botas permitem aos pés se movimentarem mais livremente e facilitam o deslocamento sobre terrenos irregulares, como pedras, lajes de rocha, bosques com raízes expostas e troncos caídos, etc.
Principais pontos negativos: Aqui começa a polêmica… Minha opinião é que os pontos fracos do Candion Mid GTX XCR da Timberland não são exatamente pontos fracos e sim características de toda bota leve de trekking.
Esse tipo de calçado, super leve, não oferece muita proteção contra impactos. Algumas vezes topei com raízes ou pedras na trilha e machuquei os pés, mas a maior parte do tempo eu caminhava consciente de que meus pés não estavam envolvidos por uma “armadura protetora”, como acontece com botas pesadas de trekking, sem maiores problemas. Essas botas, super finas, também não são térmicas contra o frio, não esquentam os pés como botas médias ou pesadas de trekking. Elas não foram desenhadas para isso. Senti frio nos pés na Patagônia e na Terra do Fogo. A estrutura enxuta das botas também não oferecem suporte excessivo aos pés quando carregamos carga pesada, como acontece comigo em roteiros de trekking mais longos, quando minha mochila já chegou a pesar 30 quilos. Mas, novamente, o modelo não foi projetado com essas finalidades.
A Candion Mid GTX XCR é a melhor opção no mercado para quem busca um tipo de produto muito esportivo, versátil, que pode ser usado tanto em trekking tropical quanto patagônico (e isso é raríssimo, muito difícil de conseguir). Mas essas botas exigem algum preparo e dicernimento do usuário, se elas forem utilizadas em todo tipo de trekking. É preciso caminhar com atenção, saber quando vestir um par de meias mais quentes e encontrar o limite máximo de peso, para poder aproveitar todo o potencial desse sensacional calçado.
Para não dizer que o produto não tem ponto negativo, o solado super aderente da Vibram gasta rápido por ter uma composição de borracha mais “mole”.
Dica:Arejar os calçados em campo é muito importante para manter a saúde dos pés e preservar o equipamento. Depois de muita chuva ou depois de molhar as botas na travessia de um rio, por exemplo, deixar os calçados ao sol no dia seguinte (se possível) ajuda muito. À noite deixe suas botas na varanda da barraca, protegido pela coberta, mas tire as palmilhas e afrouxe os cadarços. Quando mais ar circular durante a noite dentro das botas, melhor. De manhã, se o clima permitir, deixe para calçar as botas por último. Faça o café da manhã, desmonte o acampamento e, no final, calce as botas. Isso é bom para o calçado e para os pés.
Link para o fabricante: http://www.timberland.com.br/
http://www.kalapalo.com.br/index.php/botas-leves-de-trekking/

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