terça-feira, 24 de junho de 2014

A Corda de Canyoning - Seleção e técnicas de utilização



A corda é o equipamento mais perecível e mais problemático de gerir. No mercado existem diversas opções de cordas possíveis de utilizar em canyoning, mas ainda não existe a corda ideal, nem creio que alguma vez vá existir, poderão é existir cordas mais adequadas a determinadas funções.
Os aspectos essenciais para a selecção da corda são: resistência à abrasão, carga de ruptura, peso, diâmetro, alongamento, deslizamento da alma. Existem ainda outros aspectos a considerar: flutuabilidade, encolhimento, cor e preço.


As cordas dinâmicas são desaconselhadas devido ao seu alongamento que as tornar mais susceptíveis aos roçamentos e dificultar a ascensão.
De facto, as cordas utilizadas em canyoning deverão ser semi-estáticas ou mesmo estáticas.
Tanto se podem utilizar em simples como em duplo, consoante o diâmetro. Uma corda em duplo é sempre mais segura, principalmente se existirem roçamentos, mas mais incómoda no rapel. As cordas tipo B (em geral apresentam diâmetros inferior a 10mm) não devem ser utilizadas em simples, especialmente se existir a possibilidade de roçamentos.

Há poucos anos apareceram no mercado cordas destinadas especificamente ao canyoning, sendo que a sua principal característica é apresentarem a alma em polipropileno, o que lhes permitem flutuar. No entanto, são cordas menos resistentes à abrasão e podem mesmo danificarem-se com manobras aparentemente inofensivas. Geralmente são cordas tipo B que devem sempre ser utilizadas em duplo.

Como, caso se usem técnicas correctas, a flutuabilidade da corda não é um aspecto muito importante, grande parte dos técnicos de canyoning continuam a usar as clássicas cordas semi-estáticas, confeccionadas especialmente para a espeleologia. O diâmetro mais utilizado varia entre os 8mm (corda de socorro), 9mm (utilização desportiva) ao 10 a 10,5mm (utilização intensa e comercial). O principal inconveniente é de não flutuarem e ao fim de algum tempo ficam muito rígidas.


Assim, a corda de progressão a seleccionar, tal como o seu comprimento, deve estar condicionada pelo emprego que se lhe vai dar (individual, comercial, morfologia e rocha do meio, etc.).

A corda de socorro pode apresentar um diâmetro de 8 mm ou então um kevlar de 5,5mm. Alguns defendem que a corda de socorro deve ser dinâmica de 8 a 9mm, pois apresenta a vantagem de se poder utilizar no caso de ser necessário escalar para sair do canyon.

A minha opção pessoal passa por utilizar cordas semi-estáticas de 10 mm para utilização comercial ou intensiva e por uma corda semi-estática tipo B de 9 ou 9,5 mm, para uma utilização mais desportiva. Entre estas, destaco a Spelenium 9,5 Gold da Beal, por ser uma corda que comparativa com as concorrentes apresenta um alongamento bastante baixo (1,8%), cor amarela (mais fácil de detectar na água do que as brancas), um deslizamento da alma de 0% e um peso por metro bastante aceitável (55g).

O tamanho da corda é outro aspecto de difícil decisão. Quanto mais curta menos peso é necessário carregar, por isso o ideal é termos cordas de comprimentos diferentes e seleccionar as mais adaptadas aos canyonings que se vão realizar. Em todo o caso não esquecer que é fundamental levar 3 vezes o comprimento do maior rapel (2Xpara o rapel + 1Xcorda de socorro).



Como exemplo temos que para a Madeira é importante levar cordas de 90 a 100 metros, no Continente entre 20 a 60 metros.


Manutenção e Utilização da corda

As maioria das cordas semi-estáticas vão diminuir de tamanho ao longo do tempo (5 a 10%) e especialmente quando são molhadas a primeira vez.

As cordas novas devem ser molhadas e secas lentamente à sombra, antes da primeira utilização, estas vão encolher cerca de 5% aumentando a sua resistência e reduzir a possibilidade de deslizamento da camisa.



O comprimento das cordas e o meio deve ser marcado com recurso a marcador próprio . No entanto, há quem não defenda esta solução pelo facto de que se for necessário cortar a corda as marcações deixam de ser reais e aumentam as situações de risco. Nestes casos é indispensável alterar as marcações.


Não se deve utilizar qualquer fita ou borracha para marcar as cordas, devendo mesmo retirá-las se estas vierem de origem. Podem bloquear um shunt ou valdotain no rapel, ou ficarem retidas num maillon rapide.
É aconselhável molhar a corda antes de fazer rapel, para diminuir o aquecimento.
Sempre que há potenciais roçamentos devem utilizar-se técnicas específicas para os evitar ou diminuir: rapel alargável dando um pouco de corda entre cada pessoa que desce, utilizar protectores de corda (ou um saco), rapeis guiados, utilizar desvios ou fraccionamentos, etc.

Para saber mais acesse: www.guiavertical.com

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