segunda-feira, 23 de junho de 2014

Os principais equipamentos

 Nesse post apresentaremos os principais equipamentos e algumas informações resumidas; faremos postagens futuras com informações mais detalhadas, dicas de uso e conservação.





CORDAS

      As cordas são o principal e mais importante equipamento sintético utilizado em atividades verticais. Cordas para uso profissional ou esportivo (cordas para uso em sistemas de segurança) são certificadas por normas internacionais (ex: NFPA, EN 1898) e construídas no sistema "kernmantle", ou seja, feixe de fibras (alma) envolvidos por uma capa, fabricadas, geralmente, em poliamida. Divididem-se em dois tipos: dinâmicas e semi-estáticas.

       As cordas dinâmicas possuem um tipo de trançado que confere a elas uma "elasticidade" que varia de 5 a 15% de seu comprimento, fazendo com que ela absorva a força de impacto gerada durante uma queda; por isso esse tipo de corda é utilizado em escalada, onde a queda é constante e precisa de um macanismo de absorção da força por esta.
     
       As cordas semi-estáticas possuem um tipo de trançado que confere a elas uma menor elasticidade (entre 2 e 5% de seu comprimento), evitando assim o efeito "yô-yô" quando alguém está suspenso por ela. São utilizadas em atividades como rapel, resgate, salvamento, trabalhos em altura, espeleologia, espaços confinados, etc.




FITAS

       São materiais sintéticos fabricados geralmente em poliamida ou dyneema, com uso bem diversificado (auto-seguros, envolvendo pontos de ancoragem, cadeirinhas emergenciais em situações de resgate, etc), facilitando a operação de equipamentos e tornando o sistema de ancoragem mais organizado. Quanto ao tipo de trançado pode ser tubular (primeira figura) ou expressa (segunda figura). As fitas tubulares são ocas em seu interior e as expressas são "maciças", fechadas em anel, através de costura. Costuma-se utilizar as fitas tubulares avulsas, ou seja, o usuário compra um rolo, corta em pedaços com medida a seu gosto e depois as fecha através do "Nó de água" ou "Nó de fita"; já as fitas expressas são compradas já costuradas, em medidas padronizadas.







CORDIM OU CORDELETE

       Chamamos de cordim ou cordelete uma corda de bitola inferior a 8mm. Um pedaço de arame resolve 80% dos problemas na vida de um pedreiro; no mundo da altura, esse cargo fica por conta do cordelete. Seu uso vai desde a simples amarração de materiais até sistemas complexos de resgate, segurança, subida em corda, e em casos eventuais é uma boa substituição para alguns equipamentos mecânicos, como blocantes e ascensores. Assim como os mosquetões nunca são demais e é sempre bom tê-los em vários tamanhos. Da mesma forma que a corda, deverá possuir certificação e ser confeccionado no sistema "kernmantle" (capa e calma). Geralmente utilizamos os cordeletes fechados em anel, como o da figura, através dos nós "Pescador duplo"  ou "Oito Guiado".


MOSQUETÕES

       São conectores metálicos destinados a prender equipamentos, cordas e ancoragens, entre outros. É o equipamento mais comum em todas as atividades que envolvem verticalidade, portanto nunca são demais.
       Existem basicamente 4 tipos de mosquetão: (olhando na figura acima, da esquerda para a direita) Pêra, "D" simétrico, "D" assimétrico, e oval; o sistema de segurança presente no gatilho pode ser trava de rosca, trava automática e sem trava.
Partes de um mosquetão



       Quanto ao material utilizado na fabricação, pode ser alumínio (zicral) ou aço, sendo que o primeiro é utilizado em atividades esportivas e o segundo em atividades de resgate, salvamento e trabalhos em altura, respectivamente. Tome cuidado com mosquetões tipo "chaveiro" (aqueles sem certificação, vendidos como enfeite), pois podem ser confundidos com mosquetões certificados e acabar gerando acidentes.



PLACA DE ANCORAGEM

       Podem ser de aço ou alumínio. São muito úteis para se multiplicar pontos de conexão de equipamentos na ancoragem, tornando sistemas complexos de resgate vertical, trabalhos em altura, etc, muito mais organizados e fáceis de operar. A carga de ruptura é calculada com base em seu eixo central, ou seja, se a placa possui 3 furos e suporta 30kN (aprox. 3000Kg), a carga máxima em cada furo não poderá ultrapassar 10kN (aprox. 1000Kg).




BLOQUEADORES OU BLOCANTES
       Da esquerda para a direita: Ascensor de punho (ou jumar), blocante ventral (na figura um croll, da marca Petzl), blocante estrutural (na figura um Gibbs), blocante estrutural (na figura um rescucender da marca Petzl). São utilizados quando se deseja bloquear a corda em uma direção de forma que na direção contrária a corda corra livre em seu interior. Por exemplo: para subir em uma corda, instalamos um jumar, empurramos pra cima e quando suspendemos o peso do nosso corpo ele "morde" a corda, criando um ponto seguro de fixação.
       Cada blocante têm seu uso correto em determinadas situações, seja esportiva, para trabalhos ou resgate. Abordaremos o uso correto de cada um em futuras postagens.
 CAPACETE
       Capacetes são equipamentos de extrema importância nesse tipo de atividade. Pesquisas nos mostram sua eficiência e preservação da integridade da cabeça do usuário após impactos importantes, que evidentemente resultariam em traumas sérios com a sua ausência. Recomenda-se o uso de modelos semelhantes aos da figura acima (branco=marca Montana, vermelho=mod. EcrinRoc marca Petzl), ou seja, jugular presa em três pontos (nuca, lateral direita e esquerda), com furos para ventilação e suporte para lanterna de cabeça.
LUVAS
       As luvas de vaqueta com reforço nas palmas são a melhor opção, pois oferecem resistência contra o atrito da corda e boa maneabilidade. Outros tipos de luvas não são recomendadas pois não suportariam o atrito (luvas de skate, bike, musculação...) ou seriam demasiadamente duras para manusear equipamentos (luvas de raspa). É comum cortarmos as pontas dos dedos indicador, anelar e polegar para facilitar nossa vida na hora de fazer nós, mas já existem modelos com esse corte de fábrica.
 
 
 

FREIOS OU DESCENSORES

 

       São equipamentos que conferem ao usuário uma descida lenta e controlada através do atrito gerado na corda. Existem vários modelos no mercado, e são divididos, quanto ao sistema de travamento em Manuais e Automáticos.
 
       Freios manuais dependem da força da mão do operador para regular a valocidade da descida, o que é um risco, já que se o mesmo soltar as mãos da corda, ocorrerá uma queda descontrolada; portanto, para utilizarmos esses tipos de freios sem risco de acidentes, dependemos de duas coisas: ou um nó bloqueador  instalado na corda antes ou depois do freio, ou um segurança (pessoa abaixo, no sentido da descida), que fará a tensão da corda em caso de problemas, o que causará aumento do atrito no freio e parada gradativa da queda. Comentaremos o uso desses freios mais adiante, em outro post.
 
       Freios automáticos são aqueles que possuem um sistema mecânico que, em caso da liberação total da mão do operador, realizam o bloqueio automático da corda. São esses os que profissionais de acesso por cordas e trabalhos em altura utilizam, obrigatoriamente. Atualmente equipes de resgate e salvamento estão preferencialmente utilizando os de bloqueio automático, como o famoso I´D da Petzl, ao invés dos freios oito e rack.
 
Exemplos de freios manuais: da esquerda para a direita ATC, Rack e Oito de Resgate.
Exemplos de freios de bloqueio automático: da esquerda para a direita Stop, Grigri e I´D, todos da marca francesa Petzl.
 
 
Bom pessoal, equipamentos existem aos milhares, e seria difícil tentar mostrar todos, mas os principais estão aí. Nos próximos post´s vamos dar uma explanada melhor em cada um deles e nas técnicas mais comuns de aplicação.

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