segunda-feira, 23 de junho de 2014

Nós básicos e alguns macetes



       O post de hoje vai abordar alguns nós básicos e suas aplicações e macetes, cada um com um vídeo realizado em primeira pessoa, ou seja, você vai assistir a confecção do nó da mesma forma que você faria, ficando mais simples acompanhar o passo-a-passo da realização. 

       Algumas considerações importantes sobre nós:
  • Os nós podem ser realizados de forma diferente de pessoa pra pessoa, porém quando terminados devem estar idênticos entre si, ou seja, se duas pessoas fazem um mesmo nó, quando acabados deverão estar iguais, por questões de segurança, conferência e padronização; Quanto mais olhos conferirem o sistema, menor será a chance de ocorrer algum erro;
  •  Todos os nós causam uma perda de resistência na corda, alguns mais outros menos, mais a maioria está em torno de 35%. Portanto saber o nó que está usando e sua perda de resistência  (ainda que estimada) é de suma importância;

  • Todo nó deve ter uma sobra de chicote mínima de 15cm ou 4 dedos, pois todo nó quando é tensionado se ajusta de forma que se o chicote estiver muito curto o nó pode se desfazer causando sérias injúrias;

  • Geralmente nós com menos voltas (ex: Azelha) tendem a causar uma perda de resistência maior que nós que possuem mais voltas (ex: Oito Duplo) - prefira sempre estes;
  • Nós não devem ficar tensionados diretamente em mosquetões (ex: cordim fechado em anel com pescador duplo pegando no mosquetão), nesse caso lateralize o nó para que o mesmo não sofra atrito desnecessariamente; 
  • Evite deixar as cordas guardadas com nós tensionados, pois pode ocorrer desgaste prematuro no ponto onde o nó é realizado;
  • Treine sempre, pois é muito comum esquecermos nós não praticados regularmente. 
  • É importante conhecermos algumas nomenclaturas, comuns nas atividades verticais, tais como:

    • Laseira: folga na corda, comumente chamada de "barriga";
    • Chicote: Extremidade da corda onde é realizado o nó ou ancoragem;
    • Vivo: Segmento da corda que está sob tensão, ou seja, está sendo manuseado, ou ainda o lado oposto do chicote;
    • Safar: O mesmo que "soltar";
    • Socar: Tensionar ou apertar mais um nó;
    • Sacar ou Solecar: Afrouxar o nó;
    • Tesar: Tencionar;
    • Permear: Dobrar ao meio;
    • Coçar: Quando a corda entra em atrito com cantos-vivos;
    • Acondicionar: Armazenar corda enrolada ou em bolsas;
    • Morder: pressionar, enroscar ou manter a corda sob pressão;
    • Cocas: Torções indesejáveis na corda, como as que ocorrem quando são realizadas várias descidas com o freio oito;
    • Falcaça: Acabamento que se faz nos chicotes da corda, para que não desfie;
    • Encavalar: Realizar um nó de forma incorreta, onde as voltas que deveriam ficar simétricas ficam sobrepostas;
    • Arrematar: Dar o acabamento em um nó.



Azelha



        É semelhante ao Oito Duplo, porém é realizado com uma volta a menos. Essa volta a menos reduz sua eficiência, causando uma perda de resistência aproximada de 40%, dificultando sua soltura após ser submetido a cargas pesadas; por isso não é recomendado para uso em sistemas de ancoragem e segurança, mas sim unicamente para cargas leves, como uma mochilas, equipamentos, etc. 






   




Belonesi


       Nó que funciona como blocante da mesma forma que o Nó Prussik, porém aplica-se a cordas de mesma bitola, ou seja,  a corda que receberá o nó possui a mesma bitola da corda utilizada para confecção do nó, podendo  ser inclusive a mesma corda (no caso de compassos para equalização de maca-cesto). É também utilizado em sistemas de segurança durante descidas de maca (na corda de segurança), ascensão, substituindo bloqueadores mecânicos (em último caso, pois o esforço nas manobras será bem maior se comparado com equipamentos mecânicos)etc. Deverão ser realizadas três voltas acima e três abaixo, realizando ao final um Nó Simples para segurança, evitando que o Belonesi se desfaça devido a uma falta de ajuste.







Borboleta





       Sempre que a corda sofrer tensão em sentidos opostos, ou numa necessidade de se criar uma alça no meio dela, ou ainda isolar um ponto da corda que estiver danificado, o Nó Borboleta será a melhor opção, pois diferentemente do Nó Oito Duplo - que se for tracionado em sentidos opostos encavala - o Nó Borboleta permanece simétrico. É muito utilizado na montagem de linhas de vida temporárias com corda, ancoragens de vítima e socorrista em descidas de maca, etc.









Direito


       Utilizado para emenda de cordas de bitolas iguais. Deve-se tomar cuidado para não formar o Nó Torto, pois este quando é tencionado corre e se solta. É comum ele se afrouxar quando a corda é afrouxada, balança ou sofre movimentação, motivo pelo qual torna-se obrigatório a realização de um nó de segurança para seu arremate (geralmente utilizamos o Pescador Duplo ou dois Cotes), de forma que toda a tensão da carga fique sobre o nó direito (facilitando a soltura) e os nós de segurança fiquem sem tensão. Sempre realize um arremate nos chicotes com um Pescador Duplo ou dois Cotes, para segurança, pois esse nó costuma soltar-se caso a corda vibre demais.





Escota Simples e Dupla


       Sua função é a realização de emendas entre cordas de bitolas diferentes, de forma que a que possuir bitola maior faça a alça e a que possuir bitola menor faça as voltas. Podemos realizar esse nó de duas formas: simples (apenas uma volta) ou duplo (duas voltas). Recomendamos sempre utilizar “Nós Duplos”, ou seja, entre Escota Simples e Dupla, use a Dupla; entre Pescador Simples e Duplo, use o Duplo, pois geralmente são os que possuem melhor ajuste, têm menos chance de se soltarem e como já vimos, mais voltas conferem uma resistência maior ao nó, bem como uma facilidade maior na hora de sacar esse nó. Sempre realize um arremate nos chicotes com um Pescador Duplo ou dois Cotes, para segurança, pois esse nó costuma soltar-se caso a corda vibre demais.


Acompanhe o vídeo em: http://www.youtube.com/watch?v=uJlte6VsY20





Lais de Guia


       Nó de fácil confecção que forma uma alça fixa, ou seja, mesmo submetida à tensão essa não corre, por isso é muito comum seu uso na realização de cabrestos improvisados (não enforca o animal), para içamento de equipamentos, etc. O chicote final poderá ficar para dentro ou para fora – não vejo diferença nisso, mas enfim, alguns dizem “Lais de Guia para Água Salgada” ou “Lais de Guia para Água Doce” quando esse chicote fica pra dentro ou pra fora – na minha opinião as duas formas funcionam igualmente.  Não é recomendado seu uso em sistemas de ancoragem, apenas em cargas e animais, pois se não estiver bem ajustado ou arrematado com outro nó pode correr.



Lais de Guia de Correr

       Confeccionado igualmente como o Lais de Guia, porém a intenção agora é que o vivo da corda passe por dentro do seio, de forma que esta corra até a ancoragem quando a corda é tracionada. Essa aplicação é geralmente utilizada durante corte de árvores, quando se deseja ancorar um galho a partir do solo.




      Oito Duplo
           
         








       Esse é o nó mais comum e mais utilizado em cavernas, resgate urbano, acesso por cordas, trabalhos em altura, montanha, escalada e etc.
       O Oito Duplo é geralmente utilizado em ancoragens, encordamento de escaladores, macas, ou seja, sempre que haja a necessidade de ancorarmos a corda em alguém ou algum ponto de ancoragem, pois possui baixa perda de resistência (em torno de 35%), além de ser de fácil confecção.


      A partir da mesma técnica do Oito Duplo, podemos confeccionais mais três nós: o Sete, o Nove e o Mickey (também conhecido como Orelha de Coelho).






Orelha de Coelho





         Também conhecido como Mickey ou Oito Duplo com Alças Duplas, é um nó muito utilizado em sistemas de ancoragem em Acesso por Cordas, quando se deseja que a corda esteja ancorada em dois pontos distintos. Esse nó nasce a partir do Oito Duplo, porém formando duas alças que podem ter tamanhos iguais ou ajustáveis. Pode ser utilizado na montagem de uma ancoragem Equalizada em “V”, já comentada em outro post. A ideia aqui é que cada alça esteja ancorada em um ponto diferente, de forma que ocorra a divisão da carga ou que esta seja transferida automaticamente para o outro ponto de ancoragem, caso o primeiro falhe. 





Pescador Simples e Duplo

        É um nó de emenda destinado a cordas de bitolas iguais. Da mesma forma como explicado no Nó de Escota, prefira sempre o Duplo, pois é mais seguro, possui resistência maior e um ajuste melhor. Pense bem antes de utilizar esse nó, pois morde tanto, que desfazê-lo é tão difícil que você vai preferir cortar a corda. No caso de uma emenda ocasional, é preferível utilizar o Nó Direito, ou mesmo o Pescador Duplo, porém fazendo uso de um “calço de alívio” no meio desse nó, facilitando sua soltura depois. Esse “calço” pode ser um cordelete dobrado, um mosquetão ou até mesmo um pedaço pequeno de madeira ou galho de árvore – a ideia é retirar esse calço, deixando o nó frouxo quando se deseja desfazê-lo. Perda de resistência aproximada de 45%.





Prussik

        Mais um nó blocante, só que esse é o dono da matéria, quero dizer, quando o assunto é nó blocante ele é o mais utilizado, assim como o Oito Duplo é em sistemas de ancoragem. Realizado através de cordeletes (mesma regra do Marchard) esse supre nossa necessidade no caso da falta de equipamentos mecânicos que têm como função principal realizar o bloqueio da corda. Podemos realizar equalização de macas, confeccionar auto-seguros reguláveis, pedaleiras reguláveis, realizar subida em corda, captura de progresso em blocos de polia (já mencionado no post "Sistemas de Vantagem Mecânica"), entre outros. Um cara esperto jamais se pendura numa corda sem pelo menos dois cordeletes presos a sua cadeirinha - isso pode significar sobrevivência em algumas ocasiões, acredite. Com relação a perda de resistência, estima-se que seja pouca, pois as voltas são redondas; a perda de resistência mais relevante é a do nó utilizado para seu fechamento em anel (ex.: Pescador Duplo – perda de 45%), que pode ser substituído pelo Oito Guiado.
 




Sete


          É bem semelhante ao Nó Oito Duplo, com aplicação bem diferente. Esse nó forma uma alça direcional que facilita bastante a ancoragem de algum equipamento em uma corda fixa, montagem de bloco de polias improvisados com mosquetões e ancoragens auto-equalizadas. Pode ser direcionado para cima ou para baixo. Perda de resistência aproximada de 30%.

UIAA ou Nó Dinâmico
       Sigla da União Internacional das Associações de Alpinismo, também conhecido como Nó Dinâmico. Juntamente com um mosquetão (preferencialmente em aço) pode ser utilizado como um freio improvisado, controlando a descida através do atrito formado da corda com ela mesma. Tenha cuidado em manter a rosca do gatilho do lado oposto ao da corda da mão de comando, pois caso contrário pode ocorrer a abertura ou o travamento inadvertido da trava do mosquetão, inutilizando-o. Seu bloqueio é realizado através do Nó de Mula. 
       

       A primeira parte do post sobre nós está aí pessoal, depois de.......... 3 MESES TENTANDO COLOCAR ISSO NO AR, LUTANDO CONTRA INTERNET LENTA, ERROS DE NAVEGADOR, VÍRUS, VÍDEOS PERDIDOS, ETC.... mas está aí!!!!! eu venci! kkkkkkk
       

Espero que gostem!


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